Tratamento de esgoto no Brasil: entenda como funciona e quais são os desafios

Pela sua rotina cotidiana, você consegue imaginar a quantidade de substâncias presentes no esgoto doméstico? Tanto o detergente que você usa para lavar louças quanto o medicamento que toma quando está se sentindo mal, de alguma forma, descem pela tubulação ligada à sua casa. Mas o mais chocante é que o sistema de tratamento de esgoto no Brasil não elimina todas essas substâncias, que vão parar em rios, lagos e no mar.

Não se preocupe se essa informação pegou você de surpresa. A maioria das pessoas não sabe que, mesmo com tratamento de esgoto, ainda são despejados poluentes nos cursos d’água. Esse é o motivo pelo qual precisamos escolher com cuidado os produtos que utilizamos em nossas casas e cobrar mais eficiência dos órgãos públicos responsáveis pelo saneamento básico.

Neste artigo, vamos explicar como funciona o tratamento de esgoto no Brasil e quais são os tipos de poluentes que esse modelo convencional não é capaz de remover. Aproveite a leitura para aprender sobre o tema!

Panorama do tratamento de esgoto no Brasil

Antes de abordarmos a parte mais didática, temos que trazer alguns dados e falar sobre uma questão ainda mais urgente: o acesso a tratamento de esgoto no Brasil. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2020, apenas 55% da população brasileira tinham coleta de esgoto. Esse índice varia conforme as regiões - chega a 80,5% no Sudeste e despenca para 13,1% no Norte.

Pela meta estabelecida no Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) em 2007, o Brasil teria que alcançar a universalização dos serviços de esgotamento sanitário até 2033. Mas, como os investimentos estão muito abaixo do indicado no próprio Plansab, estima-se um atraso de 30 anos no cumprimento dessa meta. Até lá, um volume gigantesco de esgoto sem tratamento será jogado em ecossistemas aquáticos, prejudicando a inúmeras espécies e a nós mesmos - que depois bebemos dessa água. 

Educação: mais um desafio a ser enfrentando

As redes de coleta de esgoto são projetadas no Brasil para receberem 99% de líquidos e 1% de sólidos. Ou seja, o descarte de sólidos, como papel higiênico no vaso sanitário e restos de comida na pia, pode causar problemas sérios. O esgoto pode literalmente voltar para dentro de casa ou, ainda, gerar o rompimento das tubulações. 

É por isso que educação também deve fazer parte de uma gestão eficiente de saneamento básico. Não dá para descartar resíduos no ralo, nem mesmo óleo de cozinha, mas isso ainda acontece. Apenas com informação as pessoas saberão como proceder da forma correta. 

Como funciona o tratamento de esgoto no Brasil

Para entender o sistema de tratamento no Brasil, primeiramente temos que diferenciar o esgoto doméstico - que também inclui estabelecimentos comerciais - do industrial. As características dos efluentes gerados pelas indústrias são particulares, o que torna o tratamento convencional insuficiente.

A legislação ambiental brasileira exige que as indústrias tenham um sistema próprio e sigam critérios especiais de tratamento, que dependem do ramo de atuação, antes de lançar os efluentes na rede coletora. 

Depois que chegam à rede de coleta, todos os tipos de efluentes se misturam e são direcionados para uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). São nessas estações que acontece o tratamento final, que antecede o lançamento em cursos d’água. O objetivo é reduzir o impacto ambiental e à saúde, já que esses mesmos rios e lagos são fontes de água para diversos usos.

O tratamento primário, como é chamada a primeira fase do processo, consiste na remoção grosseira de sólidos, como embalagens, objetos, areia e gordura. Essa separação é feita com o uso de peneiras e grades. Na próxima etapa, o efluente passa para uma caixa onde são retirados os sólidos remanescentes.

Depois de finalizada a remoção dos sólidos, é realizado o tratamento secundário, que tem como objetivo decompor a matéria orgânica presente no esgoto. Por fim, o tratamento terciário inclui técnicas físico-químicas e biológicas capazes de eliminar poluentes que persistem nas etapas anteriores. 

Os sistemas de tratamento de esgoto são desenvolvidos para deixar o efluente em condições de ser devolvido para a natureza. Diversos critérios são analisados: matéria orgânica, sólidos, macronutrientes (principalmente nitrogênio e fósforo), organismos patogênicos e compostos químicos. Os padrões de qualidade considerados suficientes pelas normas brasileiras incluem redução até determinado nível ou remoção completa de determinadas substâncias.

Poluentes emergentes resistem ao tratamento convencional

O grande problema de eficiência do tratamento convencional são os poluentes emergentes ou micropoluentes. Esses contaminantes abrangem uma extensa lista de substâncias encontradas no esgoto doméstico, como agrotóxicos, medicamentos, hormônios, produtos de higiene pessoal e produtos de limpeza

A detecção dos micropoluentes requer técnicas analíticas complexas, já que a concentração é baixa. Por uma limitação legal, os sistemas de tratamento de esgoto no Brasil não incluem monitoramento desses poluentes, que são resistentes aos métodos tradicionais. Isso quer dizer que, mesmo depois de tratado, o efluente ainda possui substâncias tóxicas para os ambientes aquáticos e a saúde humana.

Mesmo em regiões do mundo onde já os tratamentos estão mais avançados, ainda não há comprovação de técnicas realmente eficazes para eliminação de micropoluentes. Algumas tecnologias estão sendo testadas, como processos oxidativos e biorreatores de membranas.

No momento, a única alternativa que temos é reduzir a emissão de micropoluentes. Podemos começar pelas escolhas que fazemos no nosso dia a dia, fugindo de produtos que não podemos confiar. Precisamos ser cidadãos e consumidores conscientes. 

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